Hulk #1, p1

março 29, 2012

Tudo novo!

Explico.

Este é o meu primeiro trabalho feito a partir de uma série de imagens que eu captei em uma expedição (não consegui achar um nome melhor para o “passeio”) a um certo número de parques em um certo país ao norte do Equador.

Uma breve nota: durante um bocado de tempo eu usei imagens produzidas por outras pessoas como referências para o meu trabalho. Questão de praticidade, e, $$$. Chegou uma hora que eu falei: agora EU vou fazer as minhas imagens, tomando conta do processo todo.

E posso dizer que mudou tudo.

Como diria o Guy Debord (meu mentor temporário), nada substitui a experiência presencial. Nada.

No meu caso, foi uma experiência muito impactante, em todos os sentidos.

A despeito disso tudo, vamos à pintura.

Nos últimos meses, mesmo usando imagens de outras pessoas, eu já estava mudando um pouco as coisas, usando mais aguada, coisas meio indefinidas, meio fluídas, e agora acho que isso vai “aumentar” em intensidade.

Bem, eu acho. A única certeza aqui é não ter certeza de nada.


Mas vamos lá. Ao contrário do passeio na atração, a coisa aqui vai lentamente, camada após camada de tinta diluída. Até que… sei lá.

A única possível aproximação entre o quadro e a atração do parque, pode ser esta “incerteza” de tudo, que se sente ao sair do brinquedo. O seu cérebro demora um pouco para voltar ao normal e situar você no mundo novamente. Algumas pessoas tomam analgésicos também.


Gwazi Tiger, #1 p1

fevereiro 1, 2012

Para mim, janeiro é um mês no qual eu costumo pintar bastante, com a exceção de um ou outro ano, quando estou mais ocupado trabalhando na minha outra vida – a de freelancer.

Agora em 2012, estive também ocupado, mas consegui pintar um pouco – bem pouco é verdade. Mesmo assim, algo está “saindo”, depois de praticamente 2 meses sem pintar.

Em novembro passado, viajei a “trabalho”, para “colher” mais referências em alguns parques dos quais tenho usado algumas imagens, sempre feitas por outras pessoas.

A princípio eu achei que nada ia mudar, eu ia lá com a minha câmera já cansada, habituada à luz dos trópicos, e ia fazer umas fotos e ok. Mas foi diferente. Primeiro de tudo, a câmera mostrou-se inepta para algumas tarefas, e segundo, a impressão que as atrações causaram em mim foi muito diferente do que eu tinha pensado.

Nos meses seguintes, pensei muito sobre o que eu tinha produzido até aqui, e inevitavelmente este “impacto” que eu sofri na viagem vai passar de alguma maneira para o meu trabalho.

Como sempre, de maneira alguma eu almejo recriar ou emular a sensação que uma pessoa tem ao andar em uma montanha russa (se algum elemento do “passeio” é experimentado pelo espectador, isso é uma “reação adversa”). Até porque, nem mesmo o video recriaria as sensações, as quais, cada um reage de maneira diferente.

Em comum, portanto, as duas experiências continuam tendo uma coisa em comum: elas só funcionam com a presença da pessoa.

A pintura, só se conhece ao ver pessoalmente. A montanha russa, idem.

Engana-se quem acha que pode conhecer o trabalho de arte por fotografia. É claro que, a foto serve para divulgação e para que a pessoa possa ao menos saber como é a imagem, em termos de descrição visual, mas pára por ai. Nestes anos em que tive a oportunidade de ver alguns dos mais notáveis trabalhos artísticos produzidos pelos grandes mestres de perto, pude perceber que por melhor que a reprodução fotográfica seja, não é a mesma coisa que a visitação presencial.

Com isto não quero dizer que o meu trabalho, por ser a priori entendido como uma imagem de um passeio em uma montanha russa, tem o seu impacto nulo, por ser uma tentativa de um simulacro de uma experiência. Nada disso. Como desde o princípio a minha intenção nunca foi a de reproduzir ou emular experiência física nenhuma, e sim fazer uma reflexão pictórica a partir de um referencial, basta um olhar além da superficialidade para notar que o trabalho, embora esteja sempre fazendo menção a um fato visual, distingüe-se do mesmo ao ser uma obra independente – a “imagem” é uma pintura, que não é a “foto”, a qual por sua vez não é a “montanha russa”.

A questão da intermediação (a qual é relevante no meu trabalho, tanto no pictórico como na reflexão textual sobre ele) digital (captação, manipulação), posso tratar outro dia.

 

 

Este é um trabalho pequeno – mede 100x70cm. Neste caso, a escala exerce uma importância diferente do que acontece nos meus trabalhos maiores, obviamente. Aproveito este tamanho para experimentar algumas coisas que pensei em fazer depois desta minha visita aos parques.

 

 

Menos massa de cor, e mais transparência, isso é o que busco neste trabalho. Creio que em mais uma sessão eu termino.


Montezum #2 – p1

setembro 2, 2011

De volta ao Hopi Hari…

Este é o tipo de trabalho que tem tudo para dar errado. Eu (ainda) não tenho a competência necessária para transformar esse trabalho em uma obra prima. Na verdade, nem em algo legal de se ver, mas enfim, vamos tentando…

Começou assim. Nada muito promissor. Verde RGB do jeito que eu não gosto, mas depois volto a isso.

Ai eu fui pintando desse jeito “tímido”. Algo assm: você não tem coragem, ai vai pintando camada de aguada sobre camada, até chegar em algo menos indeciso. Fui colocando mais tinta, inclusive com umas camadas grossas (coisas que eu não fazia até o ano passado…)

Ai eu fui construindo a imagem, e chegou nisso. Essa parte preta… isso estava me incomodando muito. Notei que eu não precisava de algumas coisas no quadro, ai peguei um pano e comecei a apagar…

E sabe que eu gostei?

Esse negócio de apagar a tinta e deixar um pouco… isso me lembrou o que alguns mestres venezianos faziam. Hmmm, seria isso um procedimento? Não sei. Um amigo meu, acha que a lona grossa ajuda, com a sua textura que ao mesmo tempo que se faz notar, esconde quantidades de tinta suficientes para fazer um meio tom, quase uma retícula.

Além disso, dei uma camada mais grossa de verde verdão HULK-RGB, e embora tenha ficado super luminoso, não gostei. Talvez se houvesse um contraponto com outra cor, me agradasse.

Deixei descansar uns dias. E resolvi acrescentar algumas coisas…

Coloquei uns violetas… dei uma “apagada” no super-verde… achei que melhorou, mas olhando hoje, achei que vou voltar ao super-verde, e, talvez, colocar alguma cor maluca. Eu estou numa fase “I wanna be FAUVE”. Talvez seja algum desequilíbrio químico no meu cérebro. Ou nos meus olhos. Seria falta de vitamina A?


6F Magic Mountain #1 – p3

setembro 2, 2011

Depois de uns dias, e algumas camadas de tinta…

Agora, preciso arranjar um jeito de fazer uma reprodução decente dele.

Para mim, mudou muita coisa no jeito de pintar, nesse trabalho. Tentei me distanciar um pouco da imagem referencial e me empenhar mais na fatura.


katapul

julho 28, 2010

Quem freqüenta o Hopi Hari conhece este. Não é o brinquedo mais emocionante do mundo, mas é legal. Mais legal ainda quando se pretende usar o brinquedo para gerar imagens.

Não é a 1a vez em que eu pinto uma inversão na hora do loop, eu já fiz isso em outro quadro, e temia que ficasse parecido. Pois bem, acredito que não ficou.

Já comecei usando tinta a óleo misturada a verniz de cera de abelha, combinação que eu gosto muito, pelo aspecto que a pintura ganha.

 Agora, eu tenho um desafio quanto à paleta. Eu estou acostumado a usar combinações cromáticas perigosas, e confesso que em alguns casos eu atenuo ou troco cores para afastar-me do desastre pictórico. Neste trabalho, o perigo é maior, parece-me. Ao planejar a execução, pensei em mudar as cores, mas resolvi trabalhar e ver o que daria…

Aqui, o amarelo e o vermelho me deram medo, mas continuei. Ainda faltava colocar azul, e isso poderia contribuir pra melhora, ou (mais provável) pra deixar tudo mais maluco ainda. Meio oitentista.

Ah, além da paleta, tem um problema – de sempre nessa série – que são as partes escuras. Eu juro que gostaria que o interior dos brinquedos fosse branco ou cinza, e não preto. Eu tenho um problema sério, se eu vejo a cor na referência, eu tenho uma tendência natural de tentar aproximar-me dela, fazer parecido. Depois vejo que deu errado (quase sempre) e vou trabalhando a cor do jeito que acho melhor, e nisso o ato de fotografar o trabalho me ajuda. Pois bem, fui pintando com medo, e cheguei nisso:

Nessa hora vi que o “fundo” marrom atrapalha, que o azul está ok, mas que as linhas cruzadas no topo mais atrapalham que ajudam, e, que esse preto aguado com medo não serve para este quadro! Ou seja: preciso usar mais tinta, não preta, e dar uma velatura acinzentada no fundo. Vamos ver se resolve. De preferência, umas pinceladas mais amalucadas.


experiência n.º 26

maio 12, 2010

Há mais ou menos 1 mês eu voltei a olhar meus primeiros trabalhos de quando comecei a pintar as vistas de parques de diversões. Lembrei que naquele momento o meu trabalho era um pouco mais experimental, alguns amigos dizem que as pinceladas eram mais soltas e aleatórias, e havia combinações de cores perigosas.

Com o tempo eu fui pintando de maneira menos descuidada nessa série, até que chegou um ponto onde eu acho que a fatura não estava me agradando.

Eu sou um pintor de certa forma no meio do caminho – não sou dado a um virtuosismo pictórico como o de alguns colegas, mas ao mesmo tempo não faço uma pintura tão largada… e olhando para meus trabalhos de perto, o espectador poderá ver essa variação (da pincelada mais cuidadosa à tinta colocada de qualquer maneira) de fatura no meu trabalho, mas agora eu acho que quero fazer algo mais “raw” em algumas pinturas. Em resumo – voltar ao básico.

E ai aparece este quadro:

experiencia n.º 26 - 1

É um trabalho pequeno (50x40cm), “fácil” e rápido de pintar. Sei lá, isso ai em cima custou-me 40 minutos de trabalho… mas ainda está bem no começo, é claro.

Depois de mexer muito, ele está assim:

experiência n.º 26-2

Sinceramente, eu gostaria de que o trabalho ficasse mais abstrato no fim das contas. Pelo menos pra mim, ainda parece uma parede, e eu não queria que ficasse assim. Ou seja, preciso trabalhar mais.