Para mim, janeiro é um mês no qual eu costumo pintar bastante, com a exceção de um ou outro ano, quando estou mais ocupado trabalhando na minha outra vida – a de freelancer.
Agora em 2012, estive também ocupado, mas consegui pintar um pouco – bem pouco é verdade. Mesmo assim, algo está “saindo”, depois de praticamente 2 meses sem pintar.
Em novembro passado, viajei a “trabalho”, para “colher” mais referências em alguns parques dos quais tenho usado algumas imagens, sempre feitas por outras pessoas.
A princípio eu achei que nada ia mudar, eu ia lá com a minha câmera já cansada, habituada à luz dos trópicos, e ia fazer umas fotos e ok. Mas foi diferente. Primeiro de tudo, a câmera mostrou-se inepta para algumas tarefas, e segundo, a impressão que as atrações causaram em mim foi muito diferente do que eu tinha pensado.
Nos meses seguintes, pensei muito sobre o que eu tinha produzido até aqui, e inevitavelmente este “impacto” que eu sofri na viagem vai passar de alguma maneira para o meu trabalho.
Como sempre, de maneira alguma eu almejo recriar ou emular a sensação que uma pessoa tem ao andar em uma montanha russa (se algum elemento do “passeio” é experimentado pelo espectador, isso é uma “reação adversa”). Até porque, nem mesmo o video recriaria as sensações, as quais, cada um reage de maneira diferente.
Em comum, portanto, as duas experiências continuam tendo uma coisa em comum: elas só funcionam com a presença da pessoa.
A pintura, só se conhece ao ver pessoalmente. A montanha russa, idem.
Engana-se quem acha que pode conhecer o trabalho de arte por fotografia. É claro que, a foto serve para divulgação e para que a pessoa possa ao menos saber como é a imagem, em termos de descrição visual, mas pára por ai. Nestes anos em que tive a oportunidade de ver alguns dos mais notáveis trabalhos artísticos produzidos pelos grandes mestres de perto, pude perceber que por melhor que a reprodução fotográfica seja, não é a mesma coisa que a visitação presencial.
Com isto não quero dizer que o meu trabalho, por ser a priori entendido como uma imagem de um passeio em uma montanha russa, tem o seu impacto nulo, por ser uma tentativa de um simulacro de uma experiência. Nada disso. Como desde o princípio a minha intenção nunca foi a de reproduzir ou emular experiência física nenhuma, e sim fazer uma reflexão pictórica a partir de um referencial, basta um olhar além da superficialidade para notar que o trabalho, embora esteja sempre fazendo menção a um fato visual, distingüe-se do mesmo ao ser uma obra independente – a “imagem” é uma pintura, que não é a “foto”, a qual por sua vez não é a “montanha russa”.
A questão da intermediação (a qual é relevante no meu trabalho, tanto no pictórico como na reflexão textual sobre ele) digital (captação, manipulação), posso tratar outro dia.
Este é um trabalho pequeno – mede 100x70cm. Neste caso, a escala exerce uma importância diferente do que acontece nos meus trabalhos maiores, obviamente. Aproveito este tamanho para experimentar algumas coisas que pensei em fazer depois desta minha visita aos parques.
Menos massa de cor, e mais transparência, isso é o que busco neste trabalho. Creio que em mais uma sessão eu termino.